Vidas de enganos e desenganos …

As relações sociais entre homem e mulher continuam sem estar bem resolvidas. Pelo contrário, apesar de se ter evoluído muito sobre os direitos e a igualdade, tudo se torna mais complexo e complicado. O vínculo criado entre duas pessoas normalmente é o casamento, que na legislação portuguesa não é mais do que um contrato, enquanto no Brasil, para além de contrato, também é uma “instituição social” dada a sua importância para a sociedade. Mas essa “sociedade” entre duas pessoas tão diferentes como são o homem e a mulher leva a situações caricatas, muitas vezes cómicas, dramáticas ou ridículas. Somos nós.

No cemitério de Logan, no estado de Utah, nos Estados Unidos, existe o túmulo do senhor Russel J. Larsen, que tem a particularidade de ser o mais visitado lá da terra. Ora, o senhor Russel J. Larsen morreu sem imaginar que um dia o seu túmulo ganharia um eventual concurso como o mais visitado de todo o estado. Mas, afinal, o que é que tem de diferente a sua sepultura? Na verdade, o que atrai a curiosidade dos numerosos visitantes é o epitáfio que chega a ser hilariante por causa das frases inscritas na pedra tumular. 

Na sua lápide, Larsen mandou inscrever cinco regras que considera fundamentais para um homem ter uma vida feliz e que são:

   1 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher que ajude em casa, cozinhe bem, limpe a casa e tenha um trabalho.

   2 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher que o faça rir.

   3 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher em quem possa confiar e não lhe minta.

   4 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher que seja boa na cama e que goste de estar com ele.

   5 – Para um homem ser feliz é muito importante que essas quatro mulheres não se conheçam, caso contrário, pode terminar morto como eu”.

Com este epitáfio satírico, não é sem razão que o túmulo do senhor Larsen seja tão popular, uma espécie de atração turística, mas mais que isso, uma bem-humorada filosofia de vida para a sua época. E diria mesmo que, apesar da mudança considerável nas relações entre homens e mulheres e de uma certa tolerância à “concorrência”, não sendo caso para atitudes extremas que são raras na nossa cultura, o epitáfio continua a ter uma certa atualidade com os devidos ajustes ao nosso tempo. Até porque, até certo ponto, Larsen tem razão. Era o que confirmava um certo indivíduo quando desabafava com o amigo: “Eu tinha tudo: dinheiro, uma casa bonita, um carro desportivo, o amor de uma linda mulher e, de repente, tudo acabou”. Preocupado, o amigo quis saber: “Então, o que aconteceu”? E ele, com ar triste disse: “A minha mulher descobriu”. 

O humor mantém-se como meio para brincar com as relações entre homens e mulheres e, uns e outros, embora com a predominância masculina, não deixam de explorar o tema como neste “conselho”:

“O facto de traíres a tua mulher não significa que não a ames. É como chamar um Uber quando tens carro em casa. Poupas pneus, gasolina, desgaste do carro e quilómetros. O que faz com que o teu carro dure mais tempo. Envia isto à tua mulher e diz-me em que hospital estás”. Ora, este conselho parece ter aplicação para homens e mulheres …  

Os funerais e o que se segue quando um dos conjugues morre, dão sempre “pano para mangas”, num tema para o qual não há limites: 

“Jacó morreu. Por sua vontade, deixou 40.000 dólares para que lhe fizessem um bom enterro e arranjar uma “Pedra Comemorativa”.

Aconteceu o funeral e, depois de saírem os últimos acompanhantes, Sara, a viúva, aproximou-se da sua mais velha e mais querida amiga e disse-lhe: “Estou certa de que Jacó estará muito contente”. E a amiga respondeu: “Sim, tens razão. Mas já agora, diz-me lá, quanto custou realmente o funeral”? “Quarenta mil euros”, respondeu a viúva. A amiga, surpreendida com o valor do funeral, insistiu: “Estava tudo muito bem, mas, 40.000 dólares?? É muito caro, hein?! … Então, Sara esclareceu tudo: “O funeral custou 1.500 dólares, dei 500 à Sinagoga e para as bebidas e petiscos foram outros 5OO. O resto foi para a “Pedra Comemorativa” … Intrigada, a amiga quis saber: “37.500 dólares para uma pedra? De que tamanho é ela?? E a “pobre” viúva, estendendo a mão apontou para o seu dedo onde, encobrindo por completo o anel de ouro puro, brilhava a “Pedra” de um diamante, afinal, a tal “Pedra Comemorativa” …

Anton Tchekhov disse que “um casamento feliz pode existir apenas entre um marido surdo e uma mulher cega” e Alexandre Dumas, há muitos anos, já achava que “o fardo do casamento é tão pesado que precisa de dois para o carregar – e às vezes três”. Ora, talvez seja essa a razão por que o homem da última história tenha agido assim: Uma mulher acorda durante a noite e constata que o marido não está na cama. Veste o robe e desce para ver onde ele está. Encontra-o na cozinha, sentado, meditativo, diante de uma chávena de café. Parece estar consternado, de olhar fixo na chávena, até porque o vê limpar uma lágrima do canto do olho. “O que é que se passa, querido”? O marido levanta os olhos e pergunta-lhe com ar solene: “Lembras-te, há 20 anos, quando saímos juntos pela primeira vez? Tu tinhas apenas 16 anos”. “Sim, lembro-me como se fosse hoje”, respondeu ela. O marido fez uma pausas. As palavras custavam a sair. “Lembras-te quando o teu pai nos surpreendeu enquanto fazíamos amor no banco de trás do carro”? “Sim, lembro-me perfeitamente”, diz-lhe ela sentando-se ao seu lado. O marido continua: “Lembras-te quando ele apontou uma arma à minha cabeça dizendo: “Ou casas com a minha filha ou mando-te para a cadeia durante 20 anos”. “Lembro, lembro”, responde-lhe ela docemente. Ele limpa mais uma lágrima e diz: “Pois hoje sairia em liberdade”!