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Os portugueses vistos pelos portugueses …

Pelo que consta nos anais da história, desde há muito tempo temos o péssimo hábito de dizer mal dos portugueses, isto é, de nós mesmo. Eça de Queirós é o exemplo acabado de como é possível, e de forma muito contundente, arrasar o portuguesinho. Fernando Pessoa dizia que, num grupo de cinco portugueses, o culpado é sempre o sexto. Somos assim, muito bons críticos de nós, mas não aceitamos que os estrangeiros o façam.                                                                              Portugal é o país do deixa andar, do deixa para amanhã o que podes fazer hoje, do desenrasca, do bota-abaixo, dos três efes. É ao mesmo tempo o Quinto Império e “os cafres da Europa”, no dizer do Padre António Vieira. Os portugueses “são excessivamente sentimentais, com horror à disciplina, individualistas, mas sem dar por isso, falhos de espírito de continuidade e de tenacidade na ação” – a descrição é de 1938 e pertence a Salazar.                                                                                 Durante os Descobrimentos os portugueses agruparam-se à volta do Estado e continua a ser assim. Adoram o Estado, à sombra do qual muitos vivem. Submissos e resignados (“O Estado vai tomar conta de nós”). Mas queixam-se de que o Estado paga as suas contas “tarde, mal ou nunca”, que presta maus serviços, é lento, burocrático. É uma relação de “amor-ódio”. E se já era assim há 600 anos, significa que não temos emenda. Não conseguimos mudar! Para mudar a maneira de vivermos é preciso implementar reformas de fundo. Mas se nem com uma maioria absoluta foram capazes de o fazer, quando é que tal vai acontecer? 

E até que ponto nós portugueses queremos mudar a nossa maneira de viver? É que, para sermos ricos como os alemães, suíços, holandeses e nórdicos temos de entrar ao trabalho às oito da manhã, trabalhar até às seis, jantar às sete e estar na cama às nove. É esta a vida que queremos? E é difícil ir para a cama tão cedo com este clima (quando não nos atraiçoa …), que mata tal intenção ou a torna impossível! É verdade que temos grandes qualidades, embora não achemos que sim como dizia o ex-ministro Luís Amado: “Só oiço dizer mal de Portugal em Portugal”, enquanto Boaventura S. Santos fala de uma má consciência por causa da passividade, que todos reconhecem, mas que não conseguem mudar. Raramente dizemos: “A culpa é minha e a responsabilidade é minha.” Por norma atiramos a culpa para o outro.

E temos pouca participação democrática. Temos medo. Medo de falar de frente, de assinar a petição, de dar a cara quando é preciso enfrentar e confrontar. Medo de ser mal vistos, de fazer figura de parvo, de levantar a voz e ser ridicularizados, ser castigados, como se o poder esteja lá em cima e nós estejamos cá em baixo (“é melhor ficar calado, está mal, mas ainda pode ficar pior, recebo pouco, mas é melhor que nada”). É o medo de tentar ir mais além. [Miguel] Torga. Descreve os portugueses assim: Um “pacífico coletivo de pessoas revoltadas”. Mas os portugueses foram para França nos anos 60 e foi precisa coragem de gigante para quem nunca tinha saído de cá e nem falava francês.  Acreditaram e conseguiram.                                                                                                     Mas sabemos que a produtividade em Portugal é um problema, mas ninguém se esforça muito para a mudar. Alguns esforçam-se, têm sucesso, como a Jerónimo Martins. Mas o grosso das empresas, em especial as do Estado, vivem de fazer o suficiente para sobreviver. Assim, como é que podemos queixar-nos? E de quem?                                                                                                    Somos maus a gerir os dinheiros públicos. Vejamos os milhares de milhões de euros que vieram de Bruxelas, de que uma boa parte foi desperdiçada em obras para nada. António Barreto disse que foi um convite ao esbanjamento e à corrupção.                                                                                                           Ainda somos um país de “chico-espertos” que conseguem contornar o sistema. Quem foge aos impostos é o grande herói! O que consegue dar a volta ao Estado e evitar pagar impostos é o campeão. Andar no limite de velocidade nas estradas ou conseguir estacionar sem pagar são pequenas vitórias do dia-a-dia. Além do tráfico de influências e a corrupção, que começa pelo “jeitinho” e nunca se sabe onde acaba.                                                                                               Quando a Coca-cola quis entrar em Portugal, Salazar escreveu-lhes uma carta a recusar, dizendo que Portugal era um sítio pacato, que queria que ficasse assim, que tinha medo do progresso e que não queria que os camiões da Coca-Cola mudassem o ritmo de vida dos portugueses. Alguém dizia: “Percebo Salazar. O que estava a dizer tem a ver com os valores, com a maneira como queremos viver.

” Os portugueses não querem viver como os americanos, gostam da maneira de viver em Portugal. Queixam-se muito, mas gostam. Se os portugueses não gostassem da vida em Portugal, já tinham mudado. Gostam de ir almoçar durante uma hora e meia, duas horas, à sexta-feira, chegar tarde ao trabalho e depois ficar lá mais tempo a falar… E no fim do mês, queixam-se que recebem pouco, que lá fora é melhor!    Mas não são grandes adeptos da mudança. Porque a temem.                                                                          Os portugueses dizem que são invejosos – que o outro é invejoso, mas nunca o próprio, bem entendido. “Se não posso ter, não quero que os outros tenham. Fico com as minhas coisinhas e fico contentinho.” O “inho” vem também de uma frustração na vida, de sentir que não consegue ter. Os portugueses não pensam que se trabalharem muito, se se esforçarem, pouparem, investirem bem, arriscarem, conseguem chegar lá. Olham para a pessoa que tem [com desconfiança]: “Deve ter conseguido o que tem com malandrice ou teve uma cunha.”         Nós dizemos mal de Portugal e mal uns dos outros, mas adoramos Portugal. Como alguém da nossa família que não suportamos, mas que é da nossa família. Porque gostamos mesmo de Portugal. E os que imigraram, se pudessem ficar cá, também ficavam … 

Vidas de enganos e desenganos …

As relações sociais entre homem e mulher continuam sem estar bem resolvidas. Pelo contrário, apesar de se ter evoluído muito sobre os direitos e a igualdade, tudo se torna mais complexo e complicado. O vínculo criado entre duas pessoas normalmente é o casamento, que na legislação portuguesa não é mais do que um contrato, enquanto no Brasil, para além de contrato, também é uma “instituição social” dada a sua importância para a sociedade. Mas essa “sociedade” entre duas pessoas tão diferentes como são o homem e a mulher leva a situações caricatas, muitas vezes cómicas, dramáticas ou ridículas. Somos nós.

No cemitério de Logan, no estado de Utah, nos Estados Unidos, existe o túmulo do senhor Russel J. Larsen, que tem a particularidade de ser o mais visitado lá da terra. Ora, o senhor Russel J. Larsen morreu sem imaginar que um dia o seu túmulo ganharia um eventual concurso como o mais visitado de todo o estado. Mas, afinal, o que é que tem de diferente a sua sepultura? Na verdade, o que atrai a curiosidade dos numerosos visitantes é o epitáfio que chega a ser hilariante por causa das frases inscritas na pedra tumular. 

Na sua lápide, Larsen mandou inscrever cinco regras que considera fundamentais para um homem ter uma vida feliz e que são:

   1 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher que ajude em casa, cozinhe bem, limpe a casa e tenha um trabalho.

   2 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher que o faça rir.

   3 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher em quem possa confiar e não lhe minta.

   4 – Para um homem ser feliz é importante ter uma mulher que seja boa na cama e que goste de estar com ele.

   5 – Para um homem ser feliz é muito importante que essas quatro mulheres não se conheçam, caso contrário, pode terminar morto como eu”.

Com este epitáfio satírico, não é sem razão que o túmulo do senhor Larsen seja tão popular, uma espécie de atração turística, mas mais que isso, uma bem-humorada filosofia de vida para a sua época. E diria mesmo que, apesar da mudança considerável nas relações entre homens e mulheres e de uma certa tolerância à “concorrência”, não sendo caso para atitudes extremas que são raras na nossa cultura, o epitáfio continua a ter uma certa atualidade com os devidos ajustes ao nosso tempo. Até porque, até certo ponto, Larsen tem razão. Era o que confirmava um certo indivíduo quando desabafava com o amigo: “Eu tinha tudo: dinheiro, uma casa bonita, um carro desportivo, o amor de uma linda mulher e, de repente, tudo acabou”. Preocupado, o amigo quis saber: “Então, o que aconteceu”? E ele, com ar triste disse: “A minha mulher descobriu”. 

O humor mantém-se como meio para brincar com as relações entre homens e mulheres e, uns e outros, embora com a predominância masculina, não deixam de explorar o tema como neste “conselho”:

“O facto de traíres a tua mulher não significa que não a ames. É como chamar um Uber quando tens carro em casa. Poupas pneus, gasolina, desgaste do carro e quilómetros. O que faz com que o teu carro dure mais tempo. Envia isto à tua mulher e diz-me em que hospital estás”. Ora, este conselho parece ter aplicação para homens e mulheres …  

Os funerais e o que se segue quando um dos conjugues morre, dão sempre “pano para mangas”, num tema para o qual não há limites: 

“Jacó morreu. Por sua vontade, deixou 40.000 dólares para que lhe fizessem um bom enterro e arranjar uma “Pedra Comemorativa”.

Aconteceu o funeral e, depois de saírem os últimos acompanhantes, Sara, a viúva, aproximou-se da sua mais velha e mais querida amiga e disse-lhe: “Estou certa de que Jacó estará muito contente”. E a amiga respondeu: “Sim, tens razão. Mas já agora, diz-me lá, quanto custou realmente o funeral”? “Quarenta mil euros”, respondeu a viúva. A amiga, surpreendida com o valor do funeral, insistiu: “Estava tudo muito bem, mas, 40.000 dólares?? É muito caro, hein?! … Então, Sara esclareceu tudo: “O funeral custou 1.500 dólares, dei 500 à Sinagoga e para as bebidas e petiscos foram outros 5OO. O resto foi para a “Pedra Comemorativa” … Intrigada, a amiga quis saber: “37.500 dólares para uma pedra? De que tamanho é ela?? E a “pobre” viúva, estendendo a mão apontou para o seu dedo onde, encobrindo por completo o anel de ouro puro, brilhava a “Pedra” de um diamante, afinal, a tal “Pedra Comemorativa” …

Anton Tchekhov disse que “um casamento feliz pode existir apenas entre um marido surdo e uma mulher cega” e Alexandre Dumas, há muitos anos, já achava que “o fardo do casamento é tão pesado que precisa de dois para o carregar – e às vezes três”. Ora, talvez seja essa a razão por que o homem da última história tenha agido assim: Uma mulher acorda durante a noite e constata que o marido não está na cama. Veste o robe e desce para ver onde ele está. Encontra-o na cozinha, sentado, meditativo, diante de uma chávena de café. Parece estar consternado, de olhar fixo na chávena, até porque o vê limpar uma lágrima do canto do olho. “O que é que se passa, querido”? O marido levanta os olhos e pergunta-lhe com ar solene: “Lembras-te, há 20 anos, quando saímos juntos pela primeira vez? Tu tinhas apenas 16 anos”. “Sim, lembro-me como se fosse hoje”, respondeu ela. O marido fez uma pausas. As palavras custavam a sair. “Lembras-te quando o teu pai nos surpreendeu enquanto fazíamos amor no banco de trás do carro”? “Sim, lembro-me perfeitamente”, diz-lhe ela sentando-se ao seu lado. O marido continua: “Lembras-te quando ele apontou uma arma à minha cabeça dizendo: “Ou casas com a minha filha ou mando-te para a cadeia durante 20 anos”. “Lembro, lembro”, responde-lhe ela docemente. Ele limpa mais uma lágrima e diz: “Pois hoje sairia em liberdade”!

Conheça os lugares que não imagina …

No nosso mundo vasto, e surpreendentemente diversificado, existem lugares que parecem arrancados diretamente dum sonho, de alguma pintura ou, talvez, de um conto de fadas. Tantas vezes viajamos pelo mundo fora, de cidade em cidade, de monumento em monumento, de país em país e ignoramos belezas naturais surreais que só depois de vistas as poderemos imaginar. Vale a pena, pelo menos uma vez na vida, embarcar numa dessas viagens extraordinárias, numa jornada aos confins da terra onde o real e o surreal se encontram e desvendar os mistérios dos lugares que não parecem pertencer ao planeta onde vivemos. Se ama a natureza e for capaz de arriscar e incluir ao menos uma vez um desses lugares no seu roteiro de viagem, não hesite e vai ver que não se arrepende. Porque só sabemos o que vivemos …

Comece por se preparar para pousar noutro planeta ou pelo menos é o que parece ao visitar o Salar Uyune, na Bolívia, na América do Sul. Este vasto deserto de sal, o maior do mundo, no período das chuvas transforma-se num espelho gigante refletindo o céu de uma maneira que desafia a lógica e a perspetiva. Aqui, o céu e a terra fundem-se e confundem-se no horizonte, num espetáculo de beleza infinita. Mas há muito mais para ver no maior e mais alto deserto de sal do mundo. Se quiser surpreender-se com a tonalidade vibrante de rosa do lago Hiller, viaje até ao isolado arquipélago da Recherche, na Austrália, onde se encontra essa maravilha que desafia a compreensão humana. É um lago que não é como qualquer outro, pois a sua cor contrasta com o azul do oceano que o rodeia e, embora a ciência sugira que a cor rosa se deve à presença de algas e bactérias que gostam do sal, o lago Hiller permanece um espetáculo para ser visto, uma lembrança da beleza da paleta infinita de cores da natureza, para ser recordada.

Uma colisão de erro humano com a pressão geotérmica natural criou o Fly Geyser, uma maravilha geológica da cor do arco-íris, com uma aparência extraordinária. Situado no deserto do Nevada, nos Estados Unidos, com suas cores vibrantes e jatos de água dançantes, parece mais uma obra de arte alienígena do que um fenómeno geotérmico. As suas cores em vários tons de verde e vermelho, são resultado de minerais e algas termofílicas, pintando um quadro vivo no deserto.

Para quem gosta de se aventurar no frio, pode viajar até ao coração da Sibéria para observar e testemunhar a beleza do Lago Baical no inverno. Este antigo lago de água doce, não só é o mais profundo, como o de águas mais claras do mundo. Mas no inverno as suas águas congelam formando padrões de gelo que parecem joias cintilando ao sol, numa visão que redefinirá a sua compreensão da palavra frio.

A Capadócia, na Turquia, é conhecida pelas inconfundíveis “chaminés de fadas”, altas formações rochosas em forma de cone agrupadas no Vale dos Monges, que mais parecem cenários de um filme de ficção científica. É um convite para explorar histórias de civilizações que moldaram essas paisagens ao longo de milénios, visitar as casas da Idade do Bronze esculpidas nas paredes do vale por trogloditas (habitantes das cavernas) e usadas posteriormente como refúgio pelos primeiros cristãos, além de várias igrejas esculpidas nas rochas. 

Mas uma visita ao chamado “castelo de algodão”, o Pamukkale, na Turquia, é uma experiência arrebatadora. Trata-se de um conjunto de piscinas termais de origem calcária que, com o passar dos séculos, formaram bacias gigantescas de água que descem em cascata colina abaixo. A formação do Pamukkale deve-se a locais térmicos quentes por baixo do monte que provocam o derrame de carbonato de cálcio, que depois solidifica como “mármore travertino”. Muitos dizem que este capricho da natureza é a 8ª. Maravilha do Mundo. As poças são de um branco imaculado que dão a sensação de se estar nas nuvens.

Se tiver de viajar pela Europa, inclua nos seus planos uma passagem pela Polónia para visitar a misteriosa Crooked Forest, a Floresta Torta, um pequeno bosque de pinheiros em Nowe Czarnowo. O local é famoso pelas suas inexplicáveis árvores tortas. Imagine caminhar por uma floresta onde cada árvore, inexplicavelmente, curva-se elegantemente em direção ao norte, como se estivesse a prestar homenagem a um rei esquecido. Cientistas e naturistas têm as suas teorias, mas a verdade permanece um enigma envolto na bruma da imaginação.

Uma visita ao Parque Nacional de Yellowstone já justifica qualquer viagem a esta região dos Estados Unidos. É lá que se pode encontrar metade dos fenômenos geotérmicos do planeta, pois é uma das áreas vulcânicas mais quentes da Terra. Ali também encontra cachoeiras, lagos, rios, geiseres em grande atividade, incluindo o famoso Old Faithful, além de desfiladeiros deslumbrantes, florestas de cortar a respiração e uma vida selvagem extraordinária.

Podia alongar a lista de lugares fabulosos e incluir as cavernas do Waitomo, na Nova Zelândia, as estátuas gigantes na ilha da Páscoa, no Chile, as dunas douradas e cachoeiras no Jalapão, no Brasil, a Calçada do Gigante, no Reino Unido, com as suas 40.000 colunas de basalto, os 17 Lagos Plitvice interligados por um sem número de quedas de água, na Croácia, os Mosteiros de Meteora, na Grécia, construídos sobre enormes pilares de rocha, tal como as falésias do Algarve, cá em Portugal. Tal como guardo extraordinárias imagens das Cataratas de Iguaçu, no Brasil para além das Cataratas do Niagara, na fronteira Canadá/Estados Unidos, das paisagens lunares e numerosas quedas de água da Islândia e de uns quantos lugares mais deste nosso mundo cuja beleza natural nos escapa quase completamente e que parecem tirados duma realidade virtual.

Num mundo onde a rotina muitas vezes ensombra o nosso senso de maravilhamento, esses lugares – e muitos mais que ficaram fora desta pequena lista – lembram-nos a vastidão e a beleza inimaginável que existe por esse mundo além, lugares que não só desafiam a nossa perceção, como nos desafiam a questionar e perceber o que é real e o que é mágico.

Esta foi apenas uma breve viagem a alguns dos recantos tidos por mais surpreendentes do nosso planeta. Mas a verdadeira aventura começa quando decidimos ir lá fora, explorar para lá do horizonte e a conhecer locais que vão muito para além da nossa imaginação …

Mas, porque é que …

No dia a dia encontramos situações e comportamentos estranhos que nos levam a questionar: “Mas porque é que isto acontece? Porque é que fazem isto”? Podemos ter respostas óbvias ou muito rebuscadas e, provavelmente, nunca ficaremos a conhecer a verdadeira causa. Às vezes, se calhar é melhor nem vir a conhecê-la para não apanhar uma surpresa ou uma grande desilusão … 

Hoje é frequente ver mulheres de saia curtíssima (eu confesso ser fã), quer estejam a andar ou sentadas, com uma atitude um tanto bizarra: puxam e voltam a puxar a saia para baixo com uma mão de cada lado, enquanto fazem gingar o corpo para ver se a “coisa” corre melhor, insistentemente, querendo conseguir o impossível: que a saia tape “o que está à vista a mais”. Será que a proprietária daquelas pernas saiu de casa com elas muitíssimo bem tapadas, eventualmente um pouco abaixo do joelho, e a saia encolheu repentinamente, reduzindo o seu comprimento a menos de metade? E ela, coitada, tenta levar a efeito uma “missão impossível” e puxa vezes sem conta, numa tentativa falhada para repor o tamanho original? É ou não é uma luta inglória em que a saia vai sair sempre a ganhar? Ou só descobriu que a saia era curta demais quando já estava na rua e ilude-se, sabendo que lhe vai acontecer o mesmo que ao lençol curto: se o puxar para cima querendo tapar a cabeça, destapam-se os pés e se fizer o contrário é a cabeça que fica descoberta! Se repararmos bem – e tenho a certeza que os homens, se estão sozinhos, fazem questão de reparar muito atentamente, ou fazem-no “à socapa” se tiverem “polícia à perna” e se “a coisa” é digna de ser mirada. Mas há ocasiões em que a dona da saia não deve ter noção que a saia curta afasta os mirones que tenta atrair. Estou convicto que, na maioria dos casos, aquela insistência em puxar a saia para baixo mais não é que “a campainha à frente do compasso para avisar os crentes da sua chegada”, aqui para atrair ainda mais a atenção do sexo oposto e satisfazer a necessidade de ser admirada a partir de baixo …   

A primeira vez que vi uma mulher de óculos escuros com eles bem puxados para cima da cabeça, foi há muitos anos, numa viagem de regresso a casa vindo de Lisboa. Apesar do sol intenso, fiquei muito admirado porque, durante toda a viagem, nunca ela os colocou no nariz, o local adequado a tal acessório, pensava eu. Mas ela manteve-os virados para o céu, mais a fazer de bandolete do que como ajuda para os olhos em dia de sol. E dei comigo a pensar: “Será que tem miopia cerebral”? Ou “esqueceu-se de que tem os óculos na cabeça”? A verdade é que virou moda e hoje é frequente tal situação, o que não me inibe de continuar a fazer a mim próprio as mesmas perguntas de então e mais ainda: “Será que com os óculos nessa posição o cérebro consegue “ver estrelas no céu” num dia de sol intenso”? 

Mas, para não ser acusado de machista ao pensarem que estou a implicar só com as mulheres, não deixo de perguntar: “Porque será que grande parte dos homens quando mete as mãos nos bolsos das calças, ao fim de poucos instantes e, mais ou menos disfarçadamente, mais ou menos conscientemente, empurra as mãos para o fundo dos bolsos e para o meio das pernas, pondo-se a coçar os testículos como quem tivesse sarna nessa zona crítica da anatomia masculina? Será que apanharam uma “camada de chatos” numa casa de banho pública ou numa qualquer “casa de meninas” onde a higiene sanitária não é uma questão de princípio? Ou também eles não têm outra intenção que não seja de chamar a atenção das mulheres para a importância, a qualidade, tamanho e valor das suas “joias de família”, algo de que “um homem que é homem” faz questão de se orgulhar? É verdade que alguns são “useiros e vezeiros” nesta prática que nunca passa despercebida a qualquer mulher – em regra, consideram que é uma coisa de muito mau gosto e que não fica bem a nenhum homem, até àqueles que têm “artigo” mais do que suficiente para atrair “o outro lado” – e há ocasiões que alimentam uma longa conversa sem deixar de “dar brilho às joias” tal é o polimento constante e continuado que lhes vão fazendo enquanto falam. Em abono da verdade, devo dizer que esses homens têm sempre um certo cuidado ao lidar com as tais “joias”, pois fazem questão de fazer do bolso como que uma luva que “calçam” antes de lhes tocar, a não ser nos casos em que os bolsos estejam rotos e por esses eu já não respondo. De qualquer forma, sempre são mais “higiénicos” do que o ex-selecionador da Alemanha, Joachim Low, que não se coibia de enfiar a mão por dentro das calças à frente de milhões de espectadores, coçar as “ditas”, para de seguida levar os dedos “perfumados” ao nariz. Talvez a inspiração para levar os jogadores alemães a ganhar o campeonato do mundo em 2014, no Brasil, tenha vindo desse “estímulo”. Quem sabe … Por isso, fica no ar a pergunta: “Porque é que os homens, quando enfiam as mãos nos bolsos das calças, tendem a coçar os “pendentes”?

“Mas, porque é que …” é uma pergunta que podemos fazer todos os dias sobre as razões de muitos dos nossos comportamentos, umas vezes lógicos, outras vezes sem lógica nenhuma, umas vezes sérios, outras vezes salpicados do humor que devia condimentar todos os dias das nossas vidas. E há tantas perguntas contra a corrente que me apetece fazer …