Ao longo da vida tive muitos professores a quem devo a maior parte daquilo que sou. Uns formais, com o “canudo” de um curso médio ou superior para dar aulas, e outros às vezes sem curso nenhum, quando não analfabetos, mas que me deram grandes lições de vida e moral. E fiquei devedor para uns e outros com uma conta tão grande, que não vou conseguir pagá-la nunca. Algo como a dívida do país que vai ficar connosco para sempre …
Se há professores que se limitam a ministrar conhecimentos relativos à matéria da disciplina que lecionam, também existem outros que vão mais longe e ainda conseguem ser educadores, algo muito importante para a vida duma criança ou adolescente. Neste processo, a subtileza de alguns e os meios utilizados para educar sem ferir suscetibilidades às vezes chega a ser extraordinária. Circulam na internet algumas das histórias que nos fazem sorrir e pensar neles como “professores do catano”!!!
“Num liceu no Porto estava a acontecer uma coisa muito fora do comum. Um “bando” de miúdas de 12 anos andava a pôr batom nos lábios, todos os dias, e para remover o excesso beijavam o espelho da casa de banho. A Direção andava muito preocupada porque a funcionária da limpeza tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao fim do dia e no dia seguinte lá estavam outra vez as marcas de batom.
Um dia, um professor juntou as miúdas e a funcionária na casa de banho e explicou que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. E, para demonstrar essa dificuldade, pediu à empregada para mostrar como é que ela fazia para limpar o espelho. A empregada pegou numa “esfregona”, molhou-a na sanita e passou-a repetidamente no espelho até as marcas desaparecerem.
Nunca mais houve marcas no espelho” …
Sem um sermão intimidante à turma, sem uma ameaça de castigo ou repreensão, sem o recurso à presença dos encarregados de educação e somente com uma estratégia bem pensada, aquele professor fez com que as garotas não mais quisessem colocar os lábios no espelho de jeito nenhum. A “demonstração”, valeu mais que mil palavras …
Numa dada noite, três estudantes universitários beberam até altas
horas e não estudaram para o teste do dia seguinte. Ao outro dia de manhã, desenharam um plano para se safarem. Sujaram-se da
pior maneira possível, com cinza, areia e lixo. Então, foram ter com o professor da cadeira e disseram que tinham ido a um casamento na noite anterior e no seu regresso um pneu do carro que conduziam rebentou e tiveram de empurrar o automóvel todo o caminho. Por isso, não estavam em condições de fazer aquele teste.
O professor, que era uma pessoa justa, disse-lhes que fariam um
teste-substituição dentro de três dias e que, para esse teste, não havia desculpas. Eles afirmaram que isso não seria problema e estariam preparados.
Ao terceiro dia apresentaram-se para o teste e o professor disse-lhes, com ar compenetrado que, como aquele era um teste sob condições especiais, eles teriam que o fazer em salas diferentes.
Os três, dado que tinham estudado bem e estavam preparados,
concordaram de imediato. O teste tinha 6 perguntas e a cotação era de 20 valores.
Pergunta 1. Escreva o seu nome —– ( 0.5 valor)
Pergunta 2. Escreva o nome da noiva e do noivo do casamento a que foste há quatro dias atrás — (5 valores )
Pregunta 3. Que tipo de carro conduziam cujo pneu rebentou.– ( 5 valores)
Pergunta 4 . Qual das 4 rodas rebentou ——- ( 5 valores )
Pergunta 5. Qual era a marca da roda que rebentou —- (2 valores)
Pergunta 6. Quem ia a conduzir? —— (2.5 valores)
Sem recorrer à confrontação, este professor começou por fazer com que aqueles alunos prevaricadores estudassem a matéria do teste, para depois os colocar diante de um outro bem diferente, que viria pôr a nu toda a falsidade da sua história sobre a ida ao casamento. O professor conseguiu com facilidade pôr em prática o provérbio de que “mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo” …
Um professor encontrou um rapaz que dizia ter sido seu aluno. O jovem perguntou: – Lembra-se de mim? E ele disse que não. O jovem disse-lhe que foi aluno dele. E ele perguntou: – O que faz?
– Sou professor, respondeu o jovem.
– Ah que interessante. Como eu? – Sim. Virei professor porque o senhor me inspirou.
Curioso, o professor perguntou ao jovem qual foi o momento em que ele o inspirou a ser professor. E aí o aluno contou a história:
“Um dia um amigo meu, também estudante, chegou com o relógio novo, lindo, e eu decidi que o queria para mim. Por isso roubei-o do bolso dele. Quando o meu amigo se apercebeu do roubo, falou com o professor. E o senhor avisou a turma: “o relógio do vosso colega foi roubado e quem o roubou deve devolvê-lo”. Porém, eu não o devolvi porque o queria muito. Mas o senhor trancou a porta e avisou-nos para ficarmos de pé, pois iria revistar-nos, um a um, em todos os bolsos até encontrar o relógio. Depois, o senhor disse a todos para fecharem os olhos, pois faria isso com os alunos de olhos fechados…
Todos fecharam os olhos e você foi indo de bolso em bolso e, quando chegou ao meu, encontrou o relógio e tirou-o. Depois continuou a revistar os restantes. Quando terminou disse: “podem abrir os olhos. Já temos o relógio”. O professor nunca me disse nada e nunca mencionou o episódio nem denunciou quem o tinha roubado a ninguém. Nesse dia o senhor salvou a minha dignidade para sempre. Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Mas ao salvar a minha dignidade, salvou-me de me ter tornado um ladrão, uma pessoa má, etc…
O senhor nunca disse nada, nem me deu nenhuma lição de moral. E eu entendi a mensagem. Entendi que é isso que um verdadeiro educador deve fazer. O senhor não se lembra disso professor?
E o professor respondeu: – Eu lembro-me da situação, do relógio roubado, de eu ter revistado todos, etc. … Mas não me lembrava de si. Porque eu também fechei os meus olhos ao revistar-vos …
Nesta história, de autor desconhecido, o professor dá-nos uma lição de como resolver um problema sério com subtileza e sem tocar na dignidade do prevaricador.
Como diz o final de um dos textos, “há professores do catano” …
São muitos anos … a virar frangos!!!