Apesar de se dizer para aí que esses lagartos terríveis conhecidos como dinossauros foram animais que dominaram a Terra durante mais de cem milhões de anos, confesso nunca ter ouvido falar deles nem em criança nem na adolescência. É verdade, nunca tropecei em nenhum ao ir para a escola e nem reparei nos bichos. Hoje, qualquer “puto” de cinco anos “dá-me dez a zero” na matéria e sabe que os havia com o tamanho de um gato ou de uma enorme baleia, que andavam em duas ou quatro patas e que uns eram herbívoros inofensivos, mesmo que gigantes como o “braquiossauro” com umas boas oitenta toneladas, enquanto outros eram carnívoros e caçadores impiedosos, sedentos de sangue como o “T-Rex” e o “Tiranossauro” (ao que parece, já havia tiranos na altura…). Dinossauros são lagartos que cresceram mais do que aquilo que seria de esperar. É como aquele que comprou um cachorrinho lindo, levou-o para o apartamento mas o estúpido do bicho não parou de crescer até sobrar cão e faltar apartamento. E se esse “maduro” tivesse levado um ovo de “braquiossauro” e passasse o dia a chocá-lo com cobertores e botijas de água quente? Só iria descobrir que tinha um problema quanto “partes do animal” saíssem pela janela, não? Dinossauros também são sinónimo de garras enormes, excelentes para tirar a cera dos ouvidos, as ranhetas do nariz e coçar as costas…
Mas, há quem diga que se extinguiram. E, não se sabendo bem “quem foi o culpado por tal mortandade”, entre várias apostas, a maior é no Evento do Impacto, um asteroide que se “estampou” contra a Terra na península do Iucatão, no México, há 65 milhões de anos, formando a enorme cratera de Chicxulub e cobrindo o planeta de poeira durante longo tempo. Dizem que a crise na Terra durou cinco milhões de anos, fazendo com que se extinguissem (nós temos uma crise com meia dúzia de anos e já estamos todos meios mortos por não nos adaptarmos às “mudanças do clima”…). Assim morreram dinossauros e toda a bicharada que havia por cá, ficando este planeta “em cacos”, totalmente destruído, com aquilo a que chamaram “inverno nuclear”. Mas há mais teorias que não vou aqui explanar, senão o diretor do jornal manda-me pentear macacos por estar a ocupar espaço demais… Bom, só conto uma que ouvi há poucos dias: A Teoria das Pedras, isto é, de que os dinossauros foram comidos por pedras. Sim, por pedras. E a prova disso é que para se encontrar um, tem de se partir uma pedra, às vezes bem grande… Aliás, alguns foram engolidos por pedreiras, que se tornaram muito valiosas, a tal ponto que há uma para os lados de Fátima que rendeu uns milhões só por ter pegadas. Olha se tinha dinossauros…
Os paleontólogos, aqueles que andam à caça de pegadas, ossos, ovos e dentes fossilizados (há caçadores com cada gosto…), dizem que os dinossauros estão extintos há milhões de anos e que, como não foram enterrados num cemitério conhecido, para apanhar o que resta deles “dá uma trabalheira danada”. Mas que morreram todos, morreram…. Ora, eu até costumo acreditar nos cientistas, gente que estuda e sabe mais do que eu, mas isto de que morreram todos, custa-me a engolir. E vamos lá a ver quem tem razão.
Lá para os lados da Lourinhã foi descoberto o crânio de um suposto dinossauro. Juntaram-se os paleontólogos, os melhores especialistas mundiais para o identificarem, mas não chegavam a conclusões. A curiosidade fez com que um velho aldeão que por ali passava se juntasse ao magote de gente e desse uma espreitadela. Mal olhou, deu logo a sua sentença: “Olha o tetravô, não sei se do Mário Soares se do Mota Amaral”… Isto pôs-me de sobreaviso. E foi então que soube estar eminente o regresso de velhos “dinossauros” que se julgavam extintos, para se candidatarem às eleições autárquicas de 2017… Quem pensou que estavam mortos, desengane-se. A lei da limitação de mandatos que, inicialmente, se pensava ser o “inverno nuclear” para os “dinossauros da política”, não passou de um “outono ameno” que só os fez hibernar por quatro anos e, mesmo assim, só para os que não quiseram fazer como os “saltões” da minha infância (que passaram a gafanhotos quando cresci), saltando de autarquia em autarquia (há quem lhes chame outros nomes…), para tornear o tal inverno. Diz-se que muitos deles nunca fizeram nada na vida, absolutamente nada mas, ao que parece, alimentaram-se da política “anos a fio”. Nasceram disfarçados de cidadãos, medraram à custa de múltiplas influências nas freguesias e principais instituições do concelho, e cresceram, cresceram. Somam muitos mandatos, uma legião de seguidores incondicionais, encobrem uma trupe com maus hábitos e poderes secretos. Talvez por estarmos no verão, com as temperaturas em alta, acordam da hibernação e dão sinais de vida, como que num pré aquecimento para as autárquicas do próximo ano. Marcam território. Sim, os “dinossauros” andam por aí, disfarçados, adormecidos para os julgarmos mortos e extintos, mas vão aparecer como “dragões” cuspindo fogo, se bem que vão dizer-nos serem promessas… Têm o sonho de serem perpétuos, como os jazigos, porque o fantasma da extinção ensombra a vida de qualquer “dinossauro”. E os “diretores do circo” anseiam desenterrar os seus “dinossauros”, apelam ao seu regresso para conquistarem público, lugares e poder, com a “miragem” de que só os seus nomes farão tremer adversários, cair obstáculos, criar ondas de vitória.
Pensando bem, não são as crianças quem mais gosta de dinossauros?