O boi de trabalho, praticamente extinto na região, é um animal que deveria ser credor da nossa homenagem coletiva. Durante séculos, foi a “força bruta” ao nosso serviço, especialmente na agricultura, e só viria a ser substituído quando apareceu o trator. A minha infância foi passada à volta da aldeia e da atividade agrícola, em que todos os lavradores tinham uma junta de bois, no mínimo, a sua “força motriz” para mover a nora, amanhar a terra para as sementeiras, quer fosse a lavrar ou a gradar, e puxar o carro de bois que era o principal transporte de cargas dessa época, tanto para os produtos agrícolas como para a lenha, o mato, as pipas de vinho, as madeiras e os materiais de construção, nomeadamente a carrear pedras da pedreira para as obras, algumas de proporções avantajadas.
Não era fácil ser boi nesses tempos, pelo enorme esforço que lhes era exigido, carreando cargas impensáveis. Por isso, os lavradores faziam questão de os cuidar bem, de os alimentarem convenientemente e de se orgulharem das suas juntas de bois.
O boi de trabalho foi desaparecendo progressivamente do litoral para o interior e, como dizia o meu amigo Bernardo, era ele que marcava o passo e o ritmo da vida nas zonas rurais, em contraponto com o ritmo imposto pelo automóvel nas cidades. E, dizia o meu amigo, qualidade de vida era a marcada pelo ritmo do boi… O resto, era agitação e stress.
Mas a nossa sociedade não lhe fez justiça, não reconheceu os seus méritos, tendo-o votado para o rol do esquecimento e, abusivamente e em tom depreciativo, “apaga-lhe” o nome mal é abatido. Porque será que só há “carne de vaca” esquecendo-se completamente o boi, ainda que tenha sido ele o sacrificado? Será que foram os homens, nos seus devaneios machistas e para um qualquer contento psicológico, a chamarem de “vaca” a toda a carne de bovino? Ou porque alguns (e ao que dizem as últimas estatísticas não são tão poucos quanto isso, antes pelo contrário…) têm o complexo de “boi” e dos seus “enfeites”? Talvez por isso mesmo se diga que “a arma do boi é a pior vergonha do homem”… e que “a infidelidade e a devolução de um cheque surgem pela mesma razão: Falta de cobertura”…
É natural que o boi, se pudesse falar, manifestava a sua tristeza por ver que as vacas lhe são subtraídas no período do cio, para serem entregues a um touro reprodutor, normalmente um macho adulto encorpado cujo único “trabalho” é “cobrir” e fecundá-las, atividade que suscita inveja em qualquer um. Até nos humanos… Conta-se que um jovem casal assistia à “cobrição” de uma vaca por um desses touros, quando a mulher que presenciava a “ação” do animal, com o intuito de “enviar” um recado ao marido, perguntou ao tratador: “Quantas cobrições faz o touro por dia”? O tratador respondeu que era variável mas, normalmente, “entre três a cinco”. Ao ouvir a resposta, deu uma cotovelada no companheiro e disse-lhe em surdina: “Estás a ver”? Mas, o marido não perdeu tempo e devolveu-lhe o “recado” com outra pergunta: “E é sempre com a mesma vaca”?
Mas, voltando ao nosso homenageado de hoje, dizem os brasileiros que “em briga de gaúcho, quem morre no fim é o boi…” E até se adapta à nossa realidade no caso do boi de trabalho, que foi “morrendo” sem que nos tenhamos apercebido disso. Não que seja caso para dizer que “o carro foi colocado à frente dos bois”, pois não é o caso. Aliás, sabe-se e é do senso comum que “o único sítio onde os carros andam à frente dos bois é… no supermercado.
Segundo as estatísticas, o Brasil tem mais bois (e vacas) que gente mas, estão com um problema grave. Dizem os estudiosos do meio ambiente que tão numerosos animais são uma importante fonte de emissão de gases, nomeadamente metano, que destroem a camada de ozono e aquecem o planeta. Tal verifica-se através dos “arrotos” frequentes dos bois, sem distinção dos que saem pelo “tubo de escape” na retaguarda do “chassi” ou pela abertura lá na frente, entre as mandíbulas… Já os nossos ambientalistas minimizam a influência dos bois nacionais na dita camada de ozono, não só pelo baixo número de efetivos como pelo tipo de alimentação, menos propícia à produção de gases tão letais. Não se sabe se nestas estatísticas estão incluídos todos os tipos de “animais com chifres”, até porque, muitos, como não o merecem, nem sequer sonham que os têm (dizem para aí que o “dito cujo é o último a saber” e que o difícil não é carregar o peso dos “chifres”… mas de sustentar a “vaca”). É que, segundo dados fornecidos por sites de relacionamentos extraconjugais implantados em Portugal como o “Secondlove” e Ashley Madison (que fizeram da infidelidade um grande negócio), os aderentes são da ordem das centenas de milhar, isto é, de gente que “enfeitou” ou vai “enfeitar” a cabeça de alguém… E elas até dizem que o fazem porque os maridos só pensam neles… Sacanas egoístas… Com ou sem culpas, vão ficar mais “engalanados” do que um carvalho centenário… Que se cuidem, pois já há muito se diz, “ guarda-te do boi pela frente, do burro por detrás e da mulher por todos os lados”… Mas também podem encarar as coisas com naturalidade e estupidez natural, não fazendo disso um problema, considerando até “não ter enfeites mas, apenas e só… sócios”.
E este assunto veio “à baila” porque me disseram que, em Lousada, já existe um clube de “SWING”!!! É, esses clubes começaram por surgir no anonimato da grande cidade (é sempre lá que nascem estas “modernices”), foram-se disseminando e agora estão a chegar à província. Para os que não sabem do que se trata, recomendo que se informem bem antes de irem lá com a mulher, pensando que é um simples clube de dança pois, seguramente, ali a “dança” é outra… E não é para o “gosto” de qualquer “dançarino”…