Quando andava na escola primária tinha sonhos e desejos como qualquer criança. Um deles, era o de poder agradar a toda a gente, de fazer um amigo em cada ser humano que viesse a conhecer ao longo da vida. Um sonho que não passou disso…
No mundo sempre existirão pessoas que nos vão amar pelo que somos, outras que vão nos odiar pelo que somos, outras ainda que terão horas em que nos vão amar e horas em que vão nos odiar pelo que somos e, por fim, gente para quem somos indiferentes. Quem agrada a todos? Sendo o que somos, seremos anjos para uns e demónios para outros… Se nem Deus conseguiu agradar a todos, acabei por concluir que não sou eu que vou tentar essa façanha…
Os seres humanos têm opiniões diversas, que se entranham em nós com base em aprendizagens passadas, cultura, religião, nível de escolaridade, etc.. Há quem carregue a ilusão de que, agradar a todos é o caminho para o sucesso profissional ou pessoal. Ser escolhido não é mau, mas o que é preciso é fazer escolhas. Até porque não é possível viver, ao mesmo tempo, em todos os lugares, jogar em todas as equipas e, muito menos, seguir diversos caminhos…
Andava a “matutar” nestas coisas quando, por acaso, recebi um email do meu cunhado que se encaixava nisto e que transcrevo:
“O dono de um talho foi surpreendido pela entrada de um cão na loja. Ele enxotou-o, mas o cão regressou.
Quando voltou a entrar, ia tentar espantá-lo novamente mas reparou que o cão trazia um bilhete na boca. Pegou no bilhete e leu: “Mande-me 12 salsichas e uma perna de carneiro”. O cão também trazia dinheiro na boca, uma nota de cinquenta euros.
Ele pegou no dinheiro, pôs as salsichas e a perna de carneiro num saco e colocou-o na boca do cão.
O talhante ficou muito impressionado. Como já estava na hora, decidiu fechar a loja e seguir o cão. Este começou a descer a rua e, quando chegou ao cruzamento depositou o saco no chão, pulou e carregou no botão para o sinal ficar verde. Esperou pacientemente com o saco na boca que o sinal fechasse para poder atravessar.
Atravessou a rua na passadeira e caminhou até uma paragem de autocarro, sempre com o talhante a segui-lo. Na paragem olhou para o painel dos horários e sentou-se no banco à espera do autocarro.
Quando o autocarro chegou, o cão chegou-se à frente para conferir o número, e voltou para o seu lugar.
Chegou outro autocarro e ele voltou a olhar. Viu que era o número certo e entrou. O talhante, boquiaberto, seguiu o cão.
Mais adiante, o cão levantou-se, pôs-se em pé nas patas traseiras e carregou no botão para mandar parar o autocarro, sempre com o saco das compras na boca.
O cão, com o talhante atrás, foi caminhando pela rua até parar junto de uma casa e pôr as compras no passeio. Então, virou-se um pouco, correu e atirou-se contra a porta. Tornou a fazer o mesmo mas ninguém respondeu. Contornou a casa, pulou um muro baixo, foi até à janela e começou a bater com a cabeça no vidro, várias vezes.
Voltou para a entrada e, de repente, um tipo enorme abriu a porta e começou a espancar o bicho.
O talhante correu até ao homem e impediu-o de continuar a bater, dizendo: “Deus do céu, homem, o que é que você está a fazer??? O seu cão é um génio!”
O homem respondeu: “Um génio??? Esta já é a segunda vez, esta semana, que este cão estúpido se esquece da chave!”
Moral da história???
Podes continuar a exceder as expectativas mas… a tua avaliação depende sempre da (in) competência de quem avalia. Quanto a isso… nada podes fazer”.
Eu acrescentaria que também depende de quem: Se é dos que te ama, dos que te odeia ou daqueles para quem lhe és indiferente.
Há pessoas a quem nunca vamos agradar, nunca. Da mesma maneira que gostamos mais de umas pessoas do que de outras, também existem pessoas que não gostam de nós, mesmo que não lhes tenhamos feito nada de mal. Só que, as pessoas são simplesmente assim… E se alguém não gosta de ti, o que podes fazer? Mudar-te? Deixares de ser quem és só para agradar? Tornar-te alguém de mil personalidades para te ajustares a todos? Nem pensar… Deixa-te estar e preocupa-te com os que gostam de ti, sendo tu o que és….
É que, do lado de lá, está muitas vezes alguém que te julga em função de múltiplos interesses, pessoais ou institucionais, visando ocupar o teu lugar, o teu espaço, com objetivos inconfessáveis. E se, ao fazeres aquilo que julgas certo em prol do que defendes, mexeres com interesses instalados, não tenhas ilusões, pois não estarás a agradar-lhes. Mas, por isso, vais deixar de fazer o que deves fazer?
Importante, importante, é estares de bem contigo, feliz contigo, fazeres aquilo que achas ser correto, importante para ti e para os outros e não aquilo que alguns querem impor que tu faças, que tu sejas. Por isso, meu caro,… não deixes de ser tu mesmo.